Nosso Rio Negro
Maior rio de águas pretas do mundo e principal afluente do Solimões, com quem se encontra em Manaus para formar o Amazonas, o Negro é um rio sagrado para nós povos indígenas. Suas águas misteriosas guardam histórias e mitos de criação.
Uma grande cobra canoa subiu as águas do rio Negro para criar a humanidade. Assim começa a história narrada pelos parentes da família Tukano oriental, que está documentada no filme “Pelas Águas do Rio de Leite”. Ao longo de mil quilômetros, nossos conhecedores de etnias Tukano, Tuyuka, Piratapuia e outras percorreram cerca de 60 locais sagrados para registrar histórias sobre o princípio do mundo.
A partir deste documentário, a Google escolheu 11 locais e disponibilizou pelo Google Earth a nossa história com mapas e fotos deste trabalho feito com a FOIRN e seus parceiros. Ao viajar online pela região todos podem conhecer melhor nossa cultura e entender porque a Bacia do rio Negro, além de seus atributos ambientais únicos, é também um patrimônio cultural. Tanto é que o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – deu o título de lugar sagrado para a Cachoeira da Onça, ou Cachoeira de Iauaretê, em 2006, como lugar de referência fundamental para os povos indígenas da região do alto rio Negro.
Navegue pelo Google Earth e conheça parte dos nossos lugares sagrados no Rio Negro
Por que as águas são pretas?
As águas do Negro são ácidas devido ao processo de decomposição de sedimentos orgânicos recebidos da floresta. Ao longo de seus 1.700 quilômetros de extensão, o rio Negro – que nasce na Colômbia – recebe uma grande quantidade de folhas, arbustos e troncos que vão se dissolvendo. Nesse processo ocorre a liberação dos ácidos húmico e fúlvico que dão tonalidade escura às águas parecendo um chá preto. Outro fator importante é a idade bem avançada do terreno, uma região rochosa de formação geológica muito antiga. Assim, a passagem de suas águas não provoca erosão das margens como ocorre com o Solimões, que possui água barrenta.
Maior zona úmida preservada do planeta
Adentrar a mata de igapó – floresta alagada de águas pretas na Amazônia – no rio Negro é experimentar um mundo novo, repleto de espécies animais e vegetais únicas, muitas ainda sem identificação científica, mas conhecidas por nós povos indígenas. Em 2018, a Bacia do Rio Negro foi reconhecida internacionalmente como maior área úmida preservada do planeta e ganhou o título de Sítio Ramsar Rio Negro, como é conhecida a Convenção Internacional destinada à preservação de áreas úmidas em todo o mundo, vitais para a sobrevivência da vida e para a manutenção da biodiversidade. Pela primeira vez no Brasil, um sítio Ramsar foi criado contemplando terras indígenas e a FOIRN integra o conselho gestor que irá pensar a governança dessa área de importância nacional e internacional.
Igapó em tupi antigo significa “rio de raízes”
Clique aqui para baixar o PDF da Bacia do Rio Negro, uma visão socioambiental, um mapa folder contendo informações sobre a região produzidos pela FOIRN e parceiros da Rede Rio Negro.
Conheça mais sobre nós povos indígenas da Bacia do rio Negro acessando as publicações:
Visões do Rio Negro – Construindo uma rede socioambiental na maior bacia de águas pretas do mundo:
Mapa-Livro Povos Indígenas do Rio Negro: